2 de nov. de 2015

Bruxas, mulheres, sábias... somos muitas, de muitas formas.


E pensando na frase "Nós somos as nestas das bruxas..." lembrei que quando eu nasci, minha bisavó me apresentou para a Lua.

Me contam que ela "lia pensamentos", era impossível mentir para ela, que sabia o que estava acontecendo com a família, lá em Teresina e que depois as notícias me confirmavam.

Me contaram também que ela conhecia todas as ervas, chás, rezas, que ela fazia viagem astral, avisava dos perigos, davam conselhos (que ninguém ouvia e depois se arrependia), que ela era a matriarca da família, ela que unia.

As árvores de nosso quintal eram sagradas para ela e ela assim as manteve, nós respeitávamos aquelas árvores porque ela assim nos ensinou.

Ela se foi antes de eu completar três anos, mas eu me lembro dela, nitidamente, com seu cachimbo, seu cabelo longo e prateado, preso na nuca por um coque impecável. Lembro de seus olhos com aquele halo cinza em volta da íris, lembro dela me dando mingau em uma panela de ágata que tinha um flor pintada na frente... eu amava aquela panela, ficou na casa por muito tempo. Dizem que é impossível lembrar, mas eu lembro.

Eu não posso afirmar, mas sinto que a magia dela não se foi totalmente quando ela mudou de esfera, ela deixou muito aqui, deixou com algumas mulheres da família e eu gostaria muito de ser uma delas.

"Nós somos as netas das bruxas que vocês não puderam queimar." nem sempre é apropriação, nós realmente estamos aqui!

17 de mai. de 2015

Afronta

Esse é o Afronta:


"Quando vimos Chimamanda Ngozi Adichie falando sobre “O perigo de uma história única”, não só fomos contempladas, como também percebemos que as nossas histórias enquanto mulheres negras sempre foram contadas por outros e nunca por nós. Vamos voltar as origens quando nossas bisavós, avós, e mães contavam sobre suas vidas em contos e causos e dar espaço para cada uma falar de si e sendo assim um exemplo para todas. 

O Afronta nasceu da necessidade de representação feminina e negra nas histórias contadas e ensinadas no Brasil. Da necessidade de um espaço-tempo em que as mulheres possam falar livremente do que quiserem sobre si e sobre a sociedade onde estão inseridas, nós do Afronta queremos unir forças para combater as opressões sofridas por todas nós por centenas de anos, desconstruir o ideal de beleza estabelecido, construir narrativas simbólicas que fortalecem nossa luta diária contra o machismo-racismo. 

O Projeto funciona de forma colaborativa, nós disponibilizamos as redes para que vocês nos enviem suas histórias e fotos, com isso, ilustramos suas histórias a partir da foto enviada e postamos no site e compartilhamos nas demais redes. 

As mulheres negras sendo referências para mulheres negras, juntas afrontando e com isso fazendo história."


Afronta é um projeto incrível sobre mulheres negras, para mulheres negras, com mulheres negras. Afronta é sobre referência e representatividade, sobre histórias e fatos. Afronta é sobre nós...


E essa é minha história no Afronta:

16 de mai. de 2015

Algumas imagens...








Que não são meras imagens...


15 de mai. de 2015

"- Mas filho, o problema é que mesmo sabendo que eu não estou gorda, a sociedade me vê como gorda. Nunca acho roupa do meu tamanho que seja legal e que caia bem em mim. Nenhum vestido bonito fica bom, é como se eu não me enquadra-se nunca.

- Mas mãe, e você acha que é uma boa coisa se enquadrar em uma sociedade, como essa que nós vivemos? Será que é uma coisa boa se encaixar em uma sociedade tão perdida como essa em que vivemos? Acho que você devia estar feliz por não se enquadrar."

E é por ele, por meu filho, entre outros motivos sendo ele o mais importante, que eu não me enquadro, não mais. É por essas e outras mais que quero retomar esse blog, meu mundo, o cantinho de tudo que vi e Escrevi por Aí...


28 de ago. de 2014

Queria ser Música

Queria ser música, me transformar em som.
Amo música, não toco nada e canto muito mal, mas a sensação da música faz parte da minha essência.
Música, como toda forma de arte, eleva o espírito humano a um estágio sublime, mas a música é um algo a mais... eleva, enleva e leva à outros planos. Música é oração!!
Não sou, infelizmente, musicista mas queira ser música.
Queria ser notas e acordes, pauta, timbre e voz, e poder ser levada pelo Universo afora, transportada pelo tempo, pelo ar, por ondas sonoras e templos acústicos. Sintetizada em alguma freqüência que tocasse o coração e acalentasse a alma.
Despertar sentimento, quaisquer, pois o que importa é sentir.
Queria ser música para me perder na vibração dos mundos e me achar na eternidade inerente à canção. E assim estar viva para além do fim do sarau.
Queria ser música para ele também sempre lembrar de mim...
E para você que me conhece, que música eu seria??


27 de ago. de 2014

As Brumas de Avalon

São quatro livros, assim com as quatro faces da Deusa... mudou minha forma de ver Deus, apesar de ser um romance, uma idealização, me abriu não portas, mas portais.

26 de ago. de 2014

Palavras, palavras, palavras...

Queria as palavras, gosto de ouvi-las, vê-las, senti-las. Queria ter uma de suas musas e poder juntá-las até um sentimento fazer sentido.

Porque os Príncipes só casam com as Princesas?

Estive “revisando” os contos infantis e notei que por mais que o príncipe encontre a linda garota dos seus sonhos e se apaixonem e saiba que ela é mulher da sua vida, só fica com a sua alma gêmea quando a mesma se torna de fato princesa, com título de realeza provado e comprovado.

30 de jul. de 2014

A luta é de todos, mas a voz é de cada um.

Acho muito, muito mesmo bem vinda toda ajuda dentro de movimentos de resistência à opressão.

Movimentos negros, trans, gays, feministas, todos estes deveriam se beneficiar do apoio de pessoas que não fazem parte efetiva desses grupos, e até mesmo de sua luta e militância direta.

Mas entendo também quando essa militância é vista com desconfiança dentro desses grupos, pois acredito que o protagonismo, a voz principal dentro dessas lutas, deve ser dos que empiricamente travam essa luta.

Não concordo com o radicalismo de vetar a participação, mas entendo perfeitamente que um homem, por mais sensível que seja, nunca vai saber o que é sofrer a opressão que a mulher sofre no mundo, portanto, a voz maior dentro de um grupo feminista, pode ser de um homem? Para mim soa como "Olha, você é legal, mas não tem capacidade de se defender, senta ali e olha como se faz!" É se calar, dentro de casa, quem já não tem voz na rua.

Se você é homem. lute pelo feminismo, mas deixe a mulher protagonizar essa luta, tem milhares de formas de lutar pelo feminismo sem calar a voz feminista.

Se você é branco, lute contra o racismo, mas é o negro sabe o que é ser preterido em uma seleção de emprego por causa da cor da pele.

Se você é hetero, cis, magro, etc., continue na luta contra todos os tipos de opressão, mas não desaproprie a, muitas vezes, única voz que se tem para gritar.

Sua luta, seu valor, sua voz, sua militância, suas ideias sempre serão valiosas e muito bem vindas, sempre, mas acredito que o protagonismo nesses espaços é algo de questão de lógica. É confuso entender, por exemplo, um núcleo de luta pelo negro, dentro de um certo partido, cuja a presidente é uma mulher branca. Será que não havia nenhum negro(a) dentro de partido para assumir esse protagonismo, ou será que a mensagem é a do libertador, superior em si, que vem nos salvar?

Já nos calaram na Casa Grande, por favor, não tentem nos calar também na senzala. Até porque, o grito nosso grito vai além da Casa Grande, nossa voz tem que, e vai, ser ouvida na corte!

28 de jul. de 2014

Corvus Corax

Ainda não sei bem definir o que é, mas só sei que adorei!