30 de jul. de 2014

A luta é de todos, mas a voz é de cada um.

Acho muito, muito mesmo bem vinda toda ajuda dentro de movimentos de resistência à opressão.

Movimentos negros, trans, gays, feministas, todos estes deveriam se beneficiar do apoio de pessoas que não fazem parte efetiva desses grupos, e até mesmo de sua luta e militância direta.

Mas entendo também quando essa militância é vista com desconfiança dentro desses grupos, pois acredito que o protagonismo, a voz principal dentro dessas lutas, deve ser dos que empiricamente travam essa luta.

Não concordo com o radicalismo de vetar a participação, mas entendo perfeitamente que um homem, por mais sensível que seja, nunca vai saber o que é sofrer a opressão que a mulher sofre no mundo, portanto, a voz maior dentro de um grupo feminista, pode ser de um homem? Para mim soa como "Olha, você é legal, mas não tem capacidade de se defender, senta ali e olha como se faz!" É se calar, dentro de casa, quem já não tem voz na rua.

Se você é homem. lute pelo feminismo, mas deixe a mulher protagonizar essa luta, tem milhares de formas de lutar pelo feminismo sem calar a voz feminista.

Se você é branco, lute contra o racismo, mas é o negro sabe o que é ser preterido em uma seleção de emprego por causa da cor da pele.

Se você é hetero, cis, magro, etc., continue na luta contra todos os tipos de opressão, mas não desaproprie a, muitas vezes, única voz que se tem para gritar.

Sua luta, seu valor, sua voz, sua militância, suas ideias sempre serão valiosas e muito bem vindas, sempre, mas acredito que o protagonismo nesses espaços é algo de questão de lógica. É confuso entender, por exemplo, um núcleo de luta pelo negro, dentro de um certo partido, cuja a presidente é uma mulher branca. Será que não havia nenhum negro(a) dentro de partido para assumir esse protagonismo, ou será que a mensagem é a do libertador, superior em si, que vem nos salvar?

Já nos calaram na Casa Grande, por favor, não tentem nos calar também na senzala. Até porque, o grito nosso grito vai além da Casa Grande, nossa voz tem que, e vai, ser ouvida na corte!

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