Perdi minhas asas, ou
melhor, abdiquei delas no meio do caminho entre a cruz e o caldeirão.
Abri mão de minhas asas
porque acredito que posso fazer da terra meu paraíso, meu divino, posso ter
divindade aqui mesmo, dentro de mim.
Nunca fui santa, porque
seria anjo?
Lilith ou Eva? Sem estar
presa posso ser o que quiser e fazer o meu caminho entre os dois altares.
Entre o Cordeiro e o Gamo,
entre a taça e o cálice... Deus e Deusa, posso, sem as asa, pensar, e não
pensarem por mim. O livre pensamento é tão forte e precioso quanto a fé, ganhei
um pedaço do paraíso quando vi o peso que era carregar asas que me colocaram,
que disseram que eu tinha que usar para ganhar esse mesmo paraíso.
Se sinto falta de minhas
asas? Encontrei novas formas de voar, existem outras asas...